A BIOGRAFIA HUMANA E O SER MULHER, Por Walkiria Tércia

Desde pequena sempre prestei muita atenção na atuação das mulheres ao meu redor, como era a rotina da minha mãe, a relação dela com as vizinhas, na dinâmica da casa, observava minhas tias e avós. Ficava ouvindo as conversas, tentando entender sobre o que falavam, observava as professoras e percebia o cansaço pela quantidade de tarefas executadas, a dedicação exclusiva ao cuidado do outro, algumas vezes me surpreendi ao saber que professoras também eram mais, visto que a minha só cuidava da casa e dos filhos e costurava nossas roupas. Esse "só" renderam momentos de ira da mãe, hoje entendo o quão é injusto.
Antes dos sete já me incomodava ouvir: menina não pode fazer isso, fecha a perna, não suba na árvore, isso não é palavra para estar na boca de menina, que ouvia a minha mãe e tantas outras mulheres falarem para suas filhas e dos parentes em geral um pouco depois: olha já é uma mocinha, fez bolo já pode casar, sabe cozinhar muito bem seu marido vai ser um cara de sorte e tantos outros impropérios que todas as mulheres ouvem ainda enquanto são meninas.
Tenho me debruçado para analisar esse impacto social da construção desse ser mulher na biografia das mulheres, o quanto somos cerceadas, induzidas, desde as danças de “parzinho” na escola, como as letras de músicas de brincadeiras tradicionais como pular corda “suco gelado cabelo arrepiado, qual a letra do seu namorado” ou ao fim dos parabéns com quem será….
O ser mulher que somos é construído em nós antes que percebamos e muitas vezes é o determinante ao longo de nossas biografias.

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