BIOGRAFIA E AUTO AMOR, Por Erica Moscatelli

Amar a própria história
Quando eu terminei de escrever a história da minha vida eu tinha 41 anos, era o dia do meu aniversário e eu estava na Sagres – me dei de presente um processo biográfico.
Foi a primeira vez que tinha condensado os fatos mais relevantes da minha vida em algumas folhas de papel. A primeira vez que coloquei tudo na ordem certinha, do fato mais antigo, para o mais novo, confirmei as datas, notei meus sentimentos enquanto escrevia e registrei a história.
Sabe quando você termina de ler um livro ou de ver um filme e suspira: Nossa, que lindo!
Eu soltei a caneta e pensei: Meu Deus, que história bonita. Quanta coisa bonita aqui dentro, quanta alegria, quanto sofrimento, quanta solidão, quanta superação. Que bonita essa história.
Desprezar partes da história por angústia, vergonha, raiva, nos coloca como inimigas da nossa própria vida. Como posso negar algo que é meu, a única coisa que realmente é minha?
A minha história.
Também não me ajuda quando responsabilizo todos à minha volta pelas minhas decepções. As partes da história não migram para a vida do outro, continuam sendo apenas minhas partes da história.
Acho que é esse o primeiro e um dos mais valiosos presentes que o processo biográfico pode trazer: a possibilidade de se encantar e amar a própria história de vida.
E a partir daí, podemos iniciar a cura e buscar os impulsos para o novo, que já moravam ali mesmo, na nossa história.

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