Responder essa pergunta sem banalizar a dor ou situações muito difíceis é um risco muito tênue, por que quem vive e sofre tem tamanha propriedade que ninguém jamais terá, visto a singularidade de cada biografia.
Um dos meus maiores temos era que alguém que me fizesse essa pergunta durante algum processo que eu estivesse facilitando e obviamente ela veio, fui sincera e disse que não tinha a resposta, mas que eu confiava que a sua própria biografia responderia.
Foi um processo muito doloroso, catártico, mas muito bonito de ver, as atividades artísticas sempre bastante coloridas, expressivas, perguntas profundas e conjecturas precisas.
Então um dia na roda ela me trouxe a resposta, dizendo que sentia-se mais leve, embora a biografia dela fosse exatamente igual, a mudança na forma dela ler os fatos e as situações fizeram com que ficasse mais leve. Como quando a gente dá um passo atrás ou ao lado buscando ver de outro ângulo diferente do inicial.
Me abraçou e me sussurrou ao ouvido: ainda vou diminuir mais ainda o peso da minha história daqui a um tempo quando olhar as dificuldades que estou passando hoje. O tempo não nos dá a cura de uma dor, ele nos dá a possibilidade de evoluirmos e contextualizarmos fatos e situações e superá-las!