GUDRUN BURKHARD

A orixá que eu vivi

Sem embargo, ter vivido e pisado pelo chão da sua Orí de cabeça faz de ti mulher de fé.
Entre tantas contas feitas de água-marinha, levo eu, levamos nós, em nossos peitos colares de mil voltas do saber que abrilhantava o coração a cada vez que de imponência e verdade se ouvia o canto dessa Orixá, que por honra a nós concedida pelos próprios Deuses, viveu entre nós.
No conga, muitas vidas escritas, ditas, a imagem do mundo feito feitos de gente, a evolução do mundo que se dividia por sete que se unia com o infinito céu onde os arcanjos tocavam suas trombetas em uníssono consagrando mais um de nós que, agora via sua história e a pintava com cores que dissolvidas em água, dissipavam o cristal que cimentava o peito.
A cada passo era um retumbe, que em uma caminhada toda compôs a música da vida que se encerra em cada história que ainda respira nesse mundo.
Minha Orixá, minha Orí de cabeça, agora sobe ao mundo que me contou em histórias, sobe pra dizer a eles que nós humanos fomos sua obra, que foi a nós que dedicou seu feito, que descobriu a maior das belezas do criador, que ensinou humanos a serem a pureza da sua existência, ensinou a serem humanos.
Enquanto no meu alguidar derramo mel e trigo em oferenda a ela, que alimentou meu peito, vejo que a vida de Gudrun foi aquilo que desapercibidamente deixamos de ser, a vida de Gudrun foi o propósito por si, foi a existência por ela própria, foi inteira.
A essa inteireza, coloquemos nossas mãos em prece, e lembremos que a última honra que nos deu foi morrer feito gente, não nos deixou nem no fim.
Com o Arcanjo que tanto amou ela sobe, e quase que ouvindo o bater dessas asas eu afirmo, Gudrun fez de nós mais do que somos, e ninguém que pisou no mesmo chão que ela saiu ileso de envergar a alma em uma parábola que só se é possível alcançar pela mãos de quem trama seu próprio destino com o destino de Deus.

Sem você, Gudrun, o mundo seria menos mundo e a gratidão soaria menos em nossos peitos.
Oxalá nos encontremos em breve no Sol.
Você mudou o destino de toda humanidade.

Por Milene Mizuta

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