TRADIÇÕES, Por Walkiria Tércia

As tradições me chamam atenção desde pequena, aprendi muito com meu vô e minha avó, na observação, ouvindo, na Cultura Caiçara, assim como muitas outras é na oralidade que se perpetua as tradições, pratos típicos, sobre a Folia de Reis e o Fandango, sobre o trato da mandioca, sobre peixes e sazonalidade, a relação das fases da lua com a pesca e as marés, assim como observar os tachos das tias avós fazendo doce de leite em Minas Gerais, ou rodeando o forno para roubar pão de queijo "quentin". Já em outra fase da vida tentei me desvencilhar das tradições por associá-las ao conservadorismo, mas na vida adulta descobri aí os meus grandes tesouros.

No fim do ano de 2023, montando a árvore de Natal, tradição aqui em casa, minha cria me agradeceu por repassar as tradições da nossa família para ela, numa conversa sobre dia de montagem da árvore, advento, Dia de Reis e me perguntou quem me ensinou a tradição das Noites Santas, então expliquei que aprendi na minha formação como Aconselhadora Biográfica, numa explicação bastante racional e então ela me diz: Mãe, você criou uma tradição para nossa família e eu vou ensinar para minhas filhas e filhos, isso me tocou tão profundamente, foi a primeira vez que visitei esse lugar de ser anciã.

Sei que há uma bela caminhada por conta da idade, mas também sei que esse papel não advém apenas com a idade e essa relação com o tempo e a responsabilidade com as tradições de minhas famílias, caiçara e mineira, me aqueceu o coração, com um sentimento de pertencimento a essa hereditariedade terrena traçada no cosmos.

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