E então, você esta numa baita crise e alguém chega - normalmente sem você perguntar - e diz:
“Crises são boas, vem para nos ajudar blábláblá...”
Nesse momento você se sente ou a pessoa mais idiota do mundo ou você realmente acha que vai surtar.
Idiota, porque no meio de todo o caos você não é evoluída suficiente para perceber aquela benção em forma de desespero e desesperança.
Surtar, porque se essa abençoada pessoa falou que é bom e a sua crise é a pior coisa que você já viveu, de fato esse é o seu fim.
Crises machucam, nos deixam perdidas, a gente duvida da gente mesmo e do mundo, coloca em questão tudo que fez até então e sente uma dor profunda, muito profunda que parece irremediável.
Mas num mundo onde tudo tem seu lugar a se ir, a se estar, a se chegar, onde fomos forjados para termos certezas e nunca dúvidas, feitas na marra para acertarmos desde sempre, onde sentir é um sinal irrefutável de fragilidade, eis que, você entende porque as crises são, como são.
Elas são somente e nada mais o contrário do modo que operamos no dia a dia, as crises são o reverso da medalha, o contrário do adormecido status quo que você criou na sua vida de fantasia.
Crises são a possibilidade da humanização do ser humano, é quando o seu lado luz que aparentemente sustenta sua vida perfeita abre espaço para que você deixe de ser perfeita e seja inteira.
Talvez você não se goste inteira, mas esse papo não tem nada a ver com a crise, aprenda a separar quando você não aceita o que você é, da crise que é a forma de você se enxergar.
Crise é o lapso do momento da inteireza de você mesmo.
Crises não boas ou ruins, as crises são.
E ao invés de perguntar-se “por que?”, pergunte-se “para que?”
Com coragem a resposta se revela. Confie.